Conhecendo um pouco mais da Professora Sônia Siquelli

Estou escrevendo, mas confesso ser muito problemático para mim, me apresentar em um blog assim, de forma descontraída como solicitaram-me. Não é um exercício fácil, não acontece todos os dias, precisei de um tempo para assimilar, perdoe-me Larissa, Jésus e Déborah se demorei para retornar. Mesmo porque, sou uma pessoa comum, sem grandes feitos, sem muita atração, que possa despertar o interesse ou sensibilidade de alguém. Mas vamos lá! 

Quando paro para refletir sobre quem sou e como poderia organizar minhas memórias em uma apresentação, penso a partir da minha trajetória de vida, percebo três grandes momentos: o primeiro, minha infância, em um lar com um pai severo e amoroso, com sete irmãos e sem mãe, pois tinha cinco anos quando ela partiu. Minha família sempre cuidando da terra, plantando café no sul de MG, fui para escola com seis anos na roça, já sabia ler e escrever, pois era sim nos lares de descendentes de italianos no interior. Meu pai contava muitas histórias e apesar das dificuldades de todas as naturezas possíveis, a alegria, a dança, a festa, muitas pessoas falando ao mesmo tempo e alto, marcou esse período de perdas e ganhos. Eu não só sobrevivi, eu vivi e muito feliz. 

O segundo momento, minha adolescência/juventude, já sem meu pai, fui ‘cara pintada’, iniciei no mundo do trabalho aos dezessete anos, fui bancária com esta idade, na Avenida Paulista em São Paulo, onde usava todo meu salário para pagar um cursinho pré-vestibular em 1986. Sempre fui ousada em desafiar as condições de vida que me eram postas, sempre fui em busca do que queria, do conhecimento para construir a minha trajetória de vida. Mas, como toda jovem da minha época, em transição, julgava saber de tudo, escolhi para mim o que pensava ser o caminho da felicidade. 

Assim, entro no terceiro momento, me casei, fui mãe de três filhos, iniciei minha carreira de professora, foi assim, como dizem “tudo junto e misturado”, tudo ao mesmo tempo...tempo(?).... não tive tempo de planejar. Fiz Pedagogia, seduzida pela Filosofia e História da Educação, áreas de conhecimentos responsáveis por me trazer de volta aos bancos deste curso, depois de quinze dias que havia desistido. Bom, a partir daí entrei na carreira, alfabetizei, coordenei, dirigi uma escola básica, mas de todas as experiências que tive, ter sido professora no curso do Magistério de 2º Grau na escola pública do estado de São Paulo, foi sem dúvida a “minha praia”, a minha realização, descobri que era ali que queria ficar, na formação de professores. 

Daí, mudei minha trajetória, fui em busca do Mestrado na Puc de Campinas, sempre vivendo de bolsas, de caronas, de livros de biblioteca, de preocupações com os filhos e fazendo amigos de verdade, que trago até hoje comigo. Foram noites e noites amamentando e lendo, via meus filhos crescendo e eu também nos desejos da vida que eu queria para mim, até que busquei o Doutorado em Educação na Ufscar de São Carlos e decidi que queria ser pesquisadora da educação, para assim poder fazer diferença na formação das pedagogas. Me divorciei e assumi sozinha a educação e formação dos meus filhos. 

Sou professora da Educação Superior há 19 anos e hoje estou aqui, meus filhos cresceram, são todos adultos, eu formo professores e pesquiso educação, continuo ousada, teimosa, já fui mais autoritária, me vigio muito quanto a este defeito ou herança do meu pai, mas o que admiro em mim, é o respeito e alegria com que carrego a minha história, meus princípios e os valores que ensino e aprendo todos os dias com meus alunos. Lá em casa continua no mesmo formato, muita gente, muita fala alta, muito rock, amigos, gosto de cozinhar tomando uma caipirinha. Eu não sobrevivo, eu vivo com alegria e curto os momentos em família, em viagens, com meus amigos, com esses jovens, que vieram depois de mim, que mais me ensinam do que aprendem comigo. Esta trajetória me traz hoje às portas dos cinquenta anos e com muita alegria desejo viver muito, porque o espírito continua jovem, ousada e um pouco abusada. 

Sônia Aparecida Siquelli 

São João da Boa Vista-SP/ 27/05/2018. Em meio à tantas incertezas do Brasil, uma noite gelada de outono, aos pés da Serra da Mantiqueira, lugar que escolhi para morar.

Professora Sônia, seus filhos e genro