Lembrando Nóvoa (1992, p. 7), "não é
possível separar o eu pessoal do eu profissional" quando se trata do
professor. Ao fazer uma reflexão, posso compreender que minha identidade
profissional foi construída por meio das ações realizadas individual e
coletivamente.
Eu me casei com meu esposo Paulo bem
cedo para os padrões modernos: com 18 anos. Ele é
uma pessoa magnífica que sempre me apoia em tudo. Quando eu
tinha 20 anos, nascia nosso primeiro filho, Paulo Renato. Aos meus 24, nós
tivemos a Aline e aos 29, a Patrícia. Foi um período em que eu
me dediquei à família, porém, o sonho de ser professora permanecia em mim.
Em 1999, com 32 anos, ingressei na Univás para
fazer Matemática Licenciatura. Foi um tempo de dificuldades e aprendizado. Fui aluna da Profa. Aparecida Duarte, da
Profa. Sandra Sales, do Prof. Benedito Afonso, Prof. Luiz Felipe, do Prof.
Paulo César, dentre outros. Esses professores foram minha inspiração, apoio e
exemplos de dedicação à docência e aos seus alunos, despertando em mim o sonho
de ser professora universitária, época em que eu lecionava somente na escola
básica. Em 2002, eu me formei, mas minha
caminhada acadêmica não parou por aí.
No ano de 2003 ingressei no Mestrado em Educação
Matemática na PUC/SP, sob a orientação do Prof. Dr. Wagner Rodrigues Valente
(GHEMAT/ Brasil). Em 2004 eu iniciei minha jornada como docente na Univás.
Nesses anos, tive a oportunidade de ministrar aulas em diversos cursos e
desenvolver pesquisas em educação matemática com os graduandos. Foi um período
em que os recursos eram insuficientes para manter o Mestrado, considerando
despesas familiares e acadêmicas, tendo que recorrer a bolsa da CAPES.
Em 2005, conclui o mestrado e, em meados de 2006,
ingressei no Doutorado em Educação Matemática na PUC/SP. Foram muitas
experiências vividas nesse curso. Realizei o Doutoramento Sanduiche na Escola Superior de Educação de Lisboa/Portugal
em 2007, com bolsa CAPES/GRICES, orientada pela profa. Dra. Maria
Cecília Monteiro, a qual me acolheu com carinho, dedicação e competência
profissional, contribuindo e muito em minha formação.
No retorno ao Brasil, em 2008, meu então orientador
de doutorado prof. Wagner mudou de instituição, o que me levou a transferir o doutorado
para onde ele estava como professor, a Uniban/SP, onde estudei com bolsa dessa
IES. O prof. Wagner marcou a minha vida em muito do que sei e sou, seu espírito
de trabalho em grupo, sua dedicação intensiva aos seus orientandos e o melhor
de tudo, foco no crescimento de todos os que estão ao seu lado. Seu exemplo é
um dos fatores que me levam a comportar como mãezona dos mestrandos com
direito a cobranças e a compartilhar um pouco de tudo: conhecimentos, ensinamentos, conselhos,
lágrimas, sorrisos. E ainda, a viver essa relação professora-aluno e orientadora-orientando
com muita intensidade.
Em 2009, o Prof. Wagner passou no concurso para
docente na Unifesp e ficou assim com o meu coorientador no Doutorado na
Uniban/SP e a orientação de doutorado ficou com a profa. Dra. Tânia Maria de
Mendonça Campos, com quem terminei o Doutorado em 2011. Essa professora, uma
pessoa magnífica, foi muito importante em minha vida, soube me acolher com
minha tese já em andamento, mostrou-me que devemos lutar sempre por todos os
nossos sonhos e que podemos contribuir e muito para a educação com nossas
particularidades.
Em 2012, ainda como professora na graduação
Univás, participei de entrevista como candidata à docência do Mestrado em
Educação Univás. A aprovação foi motivo de orgulho e honra, pois, de repente,
eu, que tinha sido aluna da Univás, estava agora participando de uma equipe de
docentes, formadora de professores universitários e pesquisadores, na mesma
IES.
Em 2016, a profa. Dra. Tânia me convidou para
fazer o Pós-Doutoramento na Unian/SP ficando como minha supervisora. Com sua saída
dessa IES, meu pós-doutoramento continuou sob a supervisão de outro expoente da
Educação Matemática, Dr. Ubiratan D’Ambrosio, que eu havia conhecido desde meu
ingresso no mestrado. Homem simples e humilde, mas ao mesmo tempo
grandioso em tudo, cuja convivência me ensinou muito. Ensinou que, todos nós
professores e educadores temos que respeitar as diversidades, o eu de cada
aluno, de cada ser humano com quem convivemos, e que, a educação pode
transformar as sociedades e as pessoas.
Hoje, dois de meus
filhos já são graduados e mestres e a terceira termina a graduação em 2018.
Eles são parte de minha vida, meu apoio, minha riqueza e meu marido continua
sendo meu amor. Minha família é meu suporte em todos os momentos pessoais e
profissionais com dedicação e carinho. Os professores e os alunos, com quem
convivi e convivo, também são parte da professora que sou hoje.
Retomando Nóvoa (1992), não há como dissociar o
eu pessoal do eu profissional do professor. Assim roda a roda, todos podemos usufruir
das boas influências para a constituição do seu eu professor e,
juntos, auxiliar na transformação social por meio da Educação.
Nenhum comentário:
Postar um comentário